Ferramenta Educativa
Ferramenta para professores - "Como fazer um Book Trailer"
Recursos Educativos sobre o 25 de abril de 1974
Recursos educativos da temática do 25 de abril de
1974.
·Quizz sobre o 25 de abril de 1974, no Público
Recurso Educativo Dia Mundial da Água
Recebemos este recurso da professora Lucília Carneiro !
Obrigada pela partilha!
Recurso Educativo A HISTÓRIA DE ARTE NUM MINUTO
Esta animação pelo artista Cao Shu faz um panorama visual da História da Arte, passando por diferentes linguagens visuais que se desenvolveram ao redor do mundo e ao longo do tempo. Vale pausar em alguns momentos para apreciar os desenhos e quadros que compõem o filme.
OS LIVROS SÃO FANTÁSTICOS

Cresci
rodeada de livros desde pequena. Havia livros
pelas mesas da sala, empilhados na secretária
do meu pai, que os comprava por grosso, nos nossos quartos de dormir e até nos
corredores.
Os meus pais tinham o gosto de partilhar connosco as obras que tinham apreciado, e de
tratar os autores como mestres. Sublinhavam frases nos livros, decoravam poemas e desafiavam-nos a
memorizá-los.
Em qualquer
aniversário ou Natal pedíamos livros e ficávamos desejosos de os ler e
partilhar.
Queríamos ter a coleção completa das aventuras,dos romances
policiais e de mistério…
Nas minhas
férias, lia tardes inteiras até ser interrompida pela
mãe: “ Olha os teus olhos! Faz uma pausa
e vai esticar as pernas!
E eu
dizia que sim, que ia e continuava teimosamente a “devorar” o
livro.
Na verdade, comecei
cedo a ser dependente de ler.
Lia tudo aquilo que me chamava a atenção pelo título, pelo autor, pela ilustração da capa…
Lia tudo aquilo que me chamava a atenção pelo título, pelo autor, pela ilustração da capa…
Ficava
entusiasmada com uma obra volumosa, sabia que me embrenharia nela durante dias a fio.
Tinha uma pequena lanterna para poder ler, pela noite fora…
Era uma biblioteca caótica, a casa de meus pais.
Toda a
família lia, fazia troca de livros, e opinava sobre eles.
Lembro-me da Coleção dos Livros do Brasil, obras de autores brasileiros e a Coleção Dois Mundos,dezenas de romances
de autores de língua inglesa, francesa, alemã e russa.
E ainda havia os Clássicos, encadernados a vermelho ou azul, de folhas finas, que eu abria com cuidado, tantas vezes sem conseguir
entender o que lia logo na primeira página, como o Aquilino Ribeiro, ou o Alexandre
Herculano.
Tendo a
mãe fã dos Clássicos da Literatura, era incentivada a aventurar-me na leitura de obras que me eram
difíceis de ler ou de entender devido à
sua complexidade, tantas vezes desisti de as “explorar” com a
esperança de o fazer mais tarde.
Muitos desses Clássicos velhinhos, são obras
inesquecíveis que me marcaram, e outros não me agradaram apesar do esforço feito para as “desbravar”.
Hoje, os livros novos florescem, por toda a parte, mas os Clássicos continuam a ser lidos com prazer, apesar do contexto social e cultural ter mudado completamente. A leitura de um Clássico desafia o nosso entendimento e faz-nos entrar na máquina do tempo…
Hoje, os livros novos florescem, por toda a parte, mas os Clássicos continuam a ser lidos com prazer, apesar do contexto social e cultural ter mudado completamente. A leitura de um Clássico desafia o nosso entendimento e faz-nos entrar na máquina do tempo…
Só
posso partilhar convosco que não imagino a minha vida sem livros, e como
ler pode causar dependência.
Ao comemorar o Dia Mundial do Livro não
consigo enunciar apenas UM LIVRO que nunca esqueci, há centenas de livros que valem a pena, que
continuam a marcar quem tem a sorte de os ler.
Os LIVROS são FANTÁSTICOS !
ADEUS, LUÍS SEPÚLVEDA
“Luís Sepúlveda é um contador maior" (Lídia Jorge)
A escritora Lídia Jorge, recordou o primeiro contacto que teve com a
obra de Luís Sepúlveda, em Bruxelas, em 1991, por intermédio da editora Anne
Marie Métailié.
Para Lídia Jorge, o que torna a escrita de Sepúlveda “tão
singular e atraente” tem a ver com o “testemunho de uma experiência de vida
vivida no fio da navalha que lhe deu a dimensão dos movimentos subterrâneos que
determinam a mudança do mundo, e por isso o seu olhar é político.
E uma ternura
absoluta pelos seres da Terra que lhe permite uma efabulação fantástica em que
pássaros, cães, baleias, confraternizam com os seres humanos no mesmo reino da
Criação. Por isso as páginas de Luís Sepúlveda, escritas para auditórios de
todas as idades, estão repletas de fábulas ora violentas ora mansas, mas sempre
tocadas por uma singular arte de contar”.
“Luis Sepúlveda é um contador maior”,
considerou ainda a escritora, acrescentando que “os seus livros são joías
preciosas, marcados pela terra sul-americana que lhe deu origem, pela língua
espanhola que lhe deu a plasticidade vigorosa da narrativa, e sobretudo pelo
cunho de criador incomum, que lhe permite ser traduzido e amado em todas as
línguas”.
Biografia
Luís Sepúlveda nasceu Ovalle, no Chile,
em 1949. Reside actualmente em Gijón, na Espanha, após viver entre Hamburgo e
Paris. Membro activo da Unidade Popular chilena nos anos setenta, teve de
abandonar o país após o golpe militar de Pinochet. Viajou e trabalhou no
Brasil. Uruguai, Paraguai e Peru. Viveu no Equador entre os índios Shuar,
participando numa missão de estudo da UNESCO. Sepúlveda era, na altura, amigo
de Chico Mendes, herói da defesa da Amazónia. Dedicou a Chico Mendes “O Velho
que Lia Romances de Amor”, o seu maior sucesso. Perspicaz narrador de viagens e
aventureiro nos confins do mundo, Sepúlveda concilia com sucesso o gosto pela
descrição de lugares sugestivos e paisagens irreais com o desejo de contar
histórias sobre o homem, através da sua experiência, dos seus sonhos, das suas
esperanças.
Principais obras
- Diário
de um Killer Sentimental
- Encontro
de Amor num País em Guerra
- História
de uma Gaivota e do Gato que a Ensinou a Voar
- Mundo
do Fim do Mundo
- Nome de
Toureiro
- O Velho
que Lia Romances de Amor
- Patagónia
Express
2.º Livro " OMBELA" de ONDJAKI
Na história, Ombela é uma menina, filha de deuses, que tem o poder da criação da chuva, através da tristeza
e das lágrimas salgadas, que enchem oceanos.
É o pai dela que lhe ensina que "a
tristeza faz parte da vida" e que também se pode chorar de felicidade, com
lágrimas doces que enchem rios e lagos.
Conto encantador que recomendamos para todos, principalmente para
os pequenos.
1.º Livro "O Amor em Tempos de Cólera”
(em versão português do Brasil )
- O que te inquieta, menino? Não tens comida suficiente? Não dormes o suficiente?
- Não é isso, Capitão. É que não suporto não poder ir à terra e abraçar minha família.
- E se te deixassem sair do navio e estivesses contaminado, suportarias a culpa de infectar alguém que não tem condições de aguentar a doença?
- Não me perdoaria nunca, mas para mim inventaram essa peste.
- Pode ser, mas e se não foi inventada?
- Entendo o que queres dizer, mas me sinto privado da minha
liberdade, Capitão, me privaram de algo.
- E tu te privas ainda mais de algo.- Está de brincadeira, comigo?
- De forma alguma. Se te privas de algo sem responder de maneira adequada, terás perdido.
- Então quer dizer, segundo me dizes, que se me tiram algo, para vencer eu devo privar-me de mais alguma coisa por mim mesmo?
- Exatamente. Eu fiz quarentena há 7 anos atrás.
- E o que foi que tiveste de te privar?
- Eu tinha que esperar mais de 20 dias dentro do barco. Havia
meses em que eu ansiava por chegar ao porto e desfrutar da primavera em terra.
Houve uma epidemia. No Porto Abril nos proibiram de descer. Os primeiras dias foram duros. Me sentia como
vocês. Logo comecei a confrontar aquelas imposições utilizando a lógica. Sabia que depois de 21 dias deste
comportamento se cria um hábito, e em vez de me lamentar e criar hábitos
desastrosos, comecei a comportar-me de maneira diferente de todos os demais.
Comecei com o alimento. Me impus comer a metade do quanto comia habitualmente. Depois comecei a selecionar os alimentos de
mais fácil digestão, para não sobrecarregar o corpo. Passei a me nutrir de alimentos que, por
tradição histórica, haviam mantido o homem com saúde.
O passo seguinte foi unir a isso uma depuração de pensamentos
pouco saudáveis e ter cada vez mais pensamentos elevados e nobres.
Me impus ler ao
menos uma página a cada dia de um argumento que não conhecia. Me impus fazer
exercícios sobre a ponte do barco. Um velho hindu me havia dito anos antes, que
o corpo se potencializava ao reter o alento. Me impus fazer profundas respirações completas
a cada manhã. Creio que meus pulmões nunca haviam chegado a tamanha capacidade
e força. A parte da tarde era a hora das orações, a hora de agradecer a uma
entidade qualquer por não me haver dado, como destino, privações graves durante
toda minha vida.
O hindu me havia aconselhado também a criar o hábito de imaginar a luz entrando em mim e me tornando mais forte. Podia funcionar também para as pessoas queridas que estavam distantes e, assim, integrei também esta prática na minha rotina diária dentro do barco.
Em vez de pensar em tudo que não podia fazer, pensava no que faria uma vez chegado à terra firme. Visualizava as cenas de cada dia, as vivia intensamente e gozava da espera. Tudo o que podemos obter em seguida não é interessante.
O hindu me havia aconselhado também a criar o hábito de imaginar a luz entrando em mim e me tornando mais forte. Podia funcionar também para as pessoas queridas que estavam distantes e, assim, integrei também esta prática na minha rotina diária dentro do barco.
Em vez de pensar em tudo que não podia fazer, pensava no que faria uma vez chegado à terra firme. Visualizava as cenas de cada dia, as vivia intensamente e gozava da espera. Tudo o que podemos obter em seguida não é interessante.
Nunca. A espera
serve para sublimar o desejo e torná-lo mais poderoso. Eu me privei de
alimentos suculentos, de garrafas de rum e outras delícias. Me havia privado de
jogar baralho, de dormir muito, de praticar o ócio, de pensar apenas no que me
privaram.
- Como acabou, Capitão?
- Sim, naquele ano me privaram da primavera, e de muitas coisas mais, mas eu, mesmo assim floresci, levei a primavera dentro de mim, e ninguém nunca mais pode tirá-la de mim.
- Como acabou, Capitão?
- Eu adquiri todos aqueles hábitos novos. Me deixaram baixar
do barco muito tempo depois do previsto.
- Privaram vocês da primavera, então ?- Sim, naquele ano me privaram da primavera, e de muitas coisas mais, mas eu, mesmo assim floresci, levei a primavera dentro de mim, e ninguém nunca mais pode tirá-la de mim.
LER DEVIA SER PROIBIDO ?
LER DEVIA SER PROIBIDO ???
"Afinal de contas, ler faz muito mal às
pessoas: acorda os homens para realidades impossíveis, tornando-os incapazes de
suportar o mundo (…) em que vivem.
A leitura induz à loucura, desloca o homem do humilde lugar que lhe fora destinado no corpo social.
A leitura induz à loucura, desloca o homem do humilde lugar que lhe fora destinado no corpo social.
Ler realmente não faz bem. A criança que
lê pode se tornar um adulto perigoso, inconformado com os problemas do mundo,
induzido a crer que tudo pode ser de outra forma.
Afinal de contas, a leitura
desenvolve um poder incontrolável.
Liberta o homem excessivamente.
Sem a leitura, ainda, estaria mais
afeito à realidade quotidiana, se dedicaria ao trabalho com afinco, sem
procurar enriquecê-la com cabriolas da imaginação.
Sem ler, o homem jamais saberia a
extensão do prazer. Não experimentaria nunca o sumo Bem de Aristóteles: o
conhecer.
Ler pode provocar o inesperado. Pode
fazer com que o homem crie atalhos para caminhos que devem, necessariamente,
ser longos.
Ler pode gerar a invenção. Pode
estimular a imaginação de forma a levar o ser humano além do que lhe é devido.
Além disso, os livros estimulam o sonho,
a imaginação, a fantasia.
Nos transportam a paraísos misteriosos,
nos fazem enxergar unicórnios azuis e palácios de cristal.
Nos fazem acreditar que a vida é mais do
que um punhado de pó em movimento. Que há algo a descobrir. Há horizontes para
além das montanhas, há estrelas por trás das nuvens.
Não, não dêem mais livros às escolas.
Pais, não leiam para os seus filhos,
pode levá-los a desenvolver esse gosto pela aventura e pela descoberta que fez
do homem um animal diferente.
Professores, não contem histórias, pode
estimular uma curiosidade indesejável em seres que a vida destinou para a
repetição e para o trabalho duro.
Ler pode ser um problema, pode gerar
seres humanos conscientes demais dos seus direitos políticos em um mundo
administrado, onde ser livre não passa de uma ficção sem nenhuma
verossimilhança.
Seria impossível controlar e organizar a
sociedade se todos os seres humanos soubessem o que desejam.
Se todos se pusessem a articular bem
suas demandas, a fincar sua posição no mundo, a fazer dos discursos os
instrumentos de conquista de sua liberdade.
Para o homem que lê, não há fronteiras,
não há cortes, prisões tampouco. O que é mais subversivo do que a leitura?
Além disso, a leitura promove a
comunicação de dores e alegrias, tantos outros sentimentos.
A leitura …expõe o
íntimo, torna coletivo o individual e público, o secreto, o próprio.
A leitura ameaça os indivíduos, porque
os faz identificar sua história a outras histórias. Torna-os capazes de
compreender e aceitar o mundo do Outro. Sim, a leitura devia ser proibida."
"Ler pode tornar o homem perigosamente humano."
Excertos de "Ler devia ser proibido "
Guiomar
de Grammont in PRADO, J. & CONDINI, P. (Orgs.). A
formação do leitor: pontos de vista. Rio de Janeiro: Argus, 1999
Subscrever:
Mensagens (Atom)