OS LIVROS SÃO FANTÁSTICOS



Cresci rodeada de livros  desde pequena. Havia livros pelas mesas  da sala, empilhados na secretária do meu pai, que os comprava por grosso, nos nossos quartos de dormir e até nos corredores.  

Os  meus pais tinham o gosto de partilhar  connosco as obras que tinham apreciado, e de tratar os autores como  mestres. Sublinhavam frases nos livros, decoravam poemas e  desafiavam-nos a memorizá-los.  

Em qualquer aniversário ou Natal  pedíamos livros e  ficávamos desejosos de os ler e partilhar.
Queríamos ter a coleção completa das aventuras,dos romances policiais e de mistério…

Nas minhas férias, lia  tardes inteiras até ser interrompida pela mãe: “ Olha os teus olhos!  Faz uma pausa e vai  esticar as pernas!
E eu dizia  que sim, que ia  e continuava teimosamente a “devorar” o livro.

Na verdade, comecei cedo a ser  dependente de ler.
Lia  tudo aquilo que me chamava a atenção pelo título, pelo autor, pela ilustração da capa…
Ficava entusiasmada  com uma obra volumosa, sabia que me embrenharia nela durante dias a fio.
Tinha uma pequena lanterna para poder ler, pela noite fora…

Certo é que  tínhamos livros sobre variadíssimos temas, sem  haver   a preocupação de  os organizar. 
Era uma biblioteca caótica, a casa de meus pais.
Toda a família lia,  fazia  troca de livros, e opinava sobre eles.


Lembro-me da  Coleção dos Livros do Brasil,  obras  de autores brasileiros  e a  Coleção Dois Mundos,dezenas de romances de autores de língua inglesa, francesa, alemã e russa.

E ainda havia os Clássicos, encadernados a vermelho ou azul, de folhas finas, que  eu abria com cuidado, tantas vezes  sem conseguir  entender o que lia logo na primeira página,  como o Aquilino Ribeiro, ou o Alexandre Herculano.

Tendo a mãe fã  dos Clássicos da Literatura, era incentivada a  aventurar-me na leitura de obras que me eram difíceis de ler ou de entender devido à sua complexidade,  tantas vezes desisti de as “explorar” com a esperança de o fazer mais tarde.

Muitos desses Clássicos velhinhos, são obras inesquecíveis que me marcaram, e outros  não me agradaram apesar do esforço feito para as  “desbravar”.
Hoje, os livros novos florescem, por toda a parte, mas os Clássicos continuam a ser lidos com prazer, apesar do contexto social e cultural ter mudado completamente.  A leitura de um Clássico  desafia o nosso entendimento e  faz-nos entrar na máquina do tempo…
Só  posso partilhar convosco que não imagino a minha vida sem livros, e como ler pode causar dependência. 
Ao comemorar o Dia Mundial do Livro não consigo enunciar apenas UM LIVRO que nunca esqueci,  há  centenas de livros que valem a pena, que continuam a marcar  quem  tem a sorte de os  ler.  
                                         Os LIVROS  são  FANTÁSTICOS !



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